Secretário Jaelson Lucas - secretário de município - recebe nova diretoria

( Saíram: Odair Braun /Luiz Felipe Mendes   -  Entraram: Jurandi Marcondes Ribas Filho / Maurus Vinícius Serpe )

Dr. Mário Lobato - na foto - Sindicante do MS

Após denúncias de mortes em UTI, Hospital Evangélico muda diretores

Diretor-geral e diretor técnico colocaram os cargos à disposição.
Oito pessoas são acusadas de homicídio e formação de quadrilha.

O Hospital Evangélico, em Curitiba, anunciou nesta terça-feira (19) mudanças na direção. No lugar do diretor-geral Pastor Odair Braun, assume Jurandi Marcondes Ribas Filho. Para o cargo de diretor técnico sai Luiz Felipe Natel Kugler Mendes para a entrada de Maurus Vinícius Stier Serpe. Ambos já trabalhavam no hospital. As substituições ocorrem após denúncias de que pacientes eram mortos na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) comanda por seis anos pela médica Virginia Soares Souza. De acordo com o Ministério Público, oito pessoas são acusadas de homicídio com duas qualificações e formação de quadrilha. A denúncia foi baseada em um inquérito da Polícia Civil que chegou a prender cinco pessoas. Entre elas, a médica Vírgina que é a única que até esta terça-feira permanecia detida. Segundo o advogado Elias Mattar Assad, a médica segue presa porque a prisão dela é preventiva e não temporária como a dos demais envolvidos. Assad afirma que não que não há materialidade, ou seja, que não existem provas que comprovem os crimes. O jurista já solicitou habeas corpus para a médica.Os nomes dos diretores foram escolhidos pela própria direção do Hospital Evangélico, já que os antigos colocaram os cargos à disposição. Segundo o novo diretor-geral Jurandi Marcondes Ribas Filho é preciso recuperar a imagem do Hospital Evangélico e mostrar para a sociedade que o hospital tem mais pontos positivos do que negativos. Ele afirmou ainda que o hospital é considerado de ponta e que salva muitas vidas.

Direção do Hospital Evangélico pede afastamento de delegada que investiga caso de mortes na UTI em Curitiba

Carlos Kaspchak
Do UOL, em Curitiba

 

A direção da SEB (Sociedade Evangélica Beneficente), de Curitiba, mantenedora do Hospital Evangélico, informou, nesta segunda-feira (25), em entrevista coletiva, que vai pedir o afastamento da delegada Paula Christiane Brisola, titular do Nucrisa (Núcleo de Repressão aos Crimes Contra a Saúde), da Polícia Civil do Paraná, que investiga as denúncias contra a médica Virginia Soares de Souza, que foi presa na semana passada, pela suspeita nas mortes de pacientes pacientes da UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do hospital. O Evangélico também publicou, nesta segunda-feira, nos jornais da capital paranaense, uma "mensagem à comunidade" se posicionando sobre o caso."Entramos com uma representação contra a delagada por desrespeitar a lei e por quebrar o sigilo das investigações, que pelo Código Penal, devem correr em segredo de justiça", disse o advogado Glaucio Antônio Pereira, que representa o Hospital Evangélico.Segundo ele, o pedido será encaminhado para a Justiça e para a Secretaria de Estado de Segurança Pública do Paraná. "Está havendo uma 'espetacularização' do caso e a autoridade policial está cometendo abusos ao dar divulgação indevida a fatos que deveriam ser mantidos em sigilo", disse Pereira. "É constrangedora a condução do caso", afirmou.O advogado também disse que era importante destacar que o Hospital Evangélico não é parte na ação e que também não é investigado. Questionado se a direção do Evangélico defenderia o não esclarecimento do caso, ao pedir o afastamento da delegada e o respeito ao sigilo das investigações, Pereira disse que a instituição está preocupada em salvaguardar os direitos do corpo clínico do hospital e dos seus funcionários. "A divulgação dos fatos é ilegal e tem objetivo criar um clima de pânico social. É uma irresponsabilidade, temos que preservar a tranquilidade social."

Ilegalidades

O diretor técnico do Evangélico, o médico Luiz Felipe Natel Mendes, criticou a ação da polícia e a divulgação do inquérito. "Está havendo abuso das autoridades responsáveis pelo caso. Não entendo os motivos."Segundo Mendes, um exemplo do abuso é a forma como foi feita a prisão da médica Virginia de Souza. "O mandado tinha o endereço residencial da médica e era o local onde deveria ter sido cumprido. Mas preferiram invadir um hospital com 30 pessoas armadas e criar um clima de espatáculo", disse. Mendes disse que a repercussão do caso pela mídia não respeita os direitos dos acusados e é desproporcional e, segundo ele, manipulada pela autoridade policial. "Não vejo o porquê de tanta energia naquela ação. Como não vejo o porquê de tanto constrangimento com prisões que são desnecessárias", disse, referindo-se aos três médicos e uma enfermeira que tiveram pedido de prisão feito pela Justiça. "Temos ouvidoria, comissão de ética e nada consta contra os médicos. Como não há nada no Conselho de Medicina (CRM-PR). Temos que resguardar o direito das pessoas."
O diretor disse que toda essa situação coloca em risco o atendimento de todo o Hospital Evangélico, que atende mais de 17 mil pessoas no ambulatório, além de 23 mil atendimentos de emergência por mês."Querem colocar em pânico o milhares de pacientes, os 400 médicos e mais de três mil funcionários. Um hospital que tem prestadoi serviços relevantes há 53 anos e que atende os mais carentes da população, pois 92% dos atendimentos são feitos pelo SUS", disse. Mendes também informou que a UTI geral do Evangélico, que tem 14 leitos, funciona dentro das normas e que está dentro dos padrões da OMS e Ministéria da Saúde."Nossa taxa de mortalidade é de 4,4% dentro do parâmetro da OMS [Organização Mundial da Saúde], que é de até 10%. Nunca houve qualquer irregularidade com relação à UTI." Mendes afirmou que desde sábado (23) a UTI geral está desativada e que o Evangélico está contratando uma nova equipe. "Queremos preservar o nossos profissionais que estão constrangidos com toda essa situação", disse. Não há data para a reabertura da UTI do Evangélico.

Outro lado

O UOL procurou a delegada Paula Brisola no Nucrisa, mas foi informado que ela não fala sobre o caso e nem iria comentar a decisão da direção do Hospital Evangélico. No sábado (23), a Justiça determinou a prisão de outros quatro envolvidos no caso, três médicos e uma enfermeira. Os médicos se apresentaram no final de semana e a enfermeira na tarde de hoje. Os quatro trabalhavam diretamente com a médica Virginia Soares de Souza, que foi indiciada por homicídio qualificado. O advogado da médica, Elias Mattar Assad, disse que vai tentar reverter a prisão e nega as acusações feitas contra a médica.