Internação em UTI pode ter impacto sobre a morbidade psicológica subseqüente
10-08-2007 09:08:50
Da Redação: Fonte - Agência Notisa

Estudo europeu, publicado na edição de junho (2007) no Journal of Intensive Care Medicine, buscou analisar as relações entre o transtorno de estresse pós-traumático (PTSD), as memórias de pacientes da unidade de tratamento intensivo (UTI) e as práticas de sedação.


Os resultados divulgados mostram que o desenvolvimento de PTSD após doença crítica é associado a um número de diferentes fatores precipitantes, que são, em parte, relacionados a como os pacientes são atendidos durante o tratamento intensivo.


"Este estudo aponta a hipótese de que o impacto do tratamento durante a estada na UTI tem um impacto sobre a morbidade psicológica subseqüente e, conseqüentemente, deve ser avaliado em estudos futuros, observando-se a maneira pela qual pacientes são sedados na UTI e como a restrição física é utilizada", afirmam os autores.


Segundo os dados apresentados, participaram da pesquisa dois hospitais gerais distritais e três hospitais universitários no Reino Unido, Suécia, Itália e Noruega. Ao todo, 230 pacientes em recuperação e pós-ventilados foram acompanhados por 3 meses após a alta na UTI. De acordo com o artigo, a avaliação das memórias do paciente sobre a UTI foi feita em 1-2 semanas após a alta da UTI. Além disso, a avaliação da recuperação psicológica dos pacientes foi realizada através do exame do nível de sintomas relacionados a PTSD e de sua taxa ao longo de 3 meses após a UTI.


"A taxa de PTSD definido foi de 9,2%, variando de 3,2% a 14,8% nas diferentes UTIs do estudo. Independente da severidade e da combinação do caso, os fatores encontrados como sendo relacionados ao desenvolvimento de PTSD foram lembrança de memórias delirantes, sedação prolongada e restrição física sem sedação", ressaltam os autores.

RECIFE

Descalabro na saúde do Recife

Publicado em 10|08 pelo(a) wiki repórter Didymo Borges, Recife-PE
Abaixo transcrevo carta aberta do médico Tiago Acioli sobre as condições de trabalho do Hospital da Restauração do Recife, o maior centro de atendimento de emergência do Norte e Nordeste do Brasil.

As denúncias são graves. Agora, é de se perguntar como, numa situação destas, pode-se gerir uma instituição pública como este gigantesco hospital? O gestor público precisa estar instrumentalizado para gerir a coisa pública em conformidade com seu programa de governo apresentado aos eleitores durante  a campanha eleitoral.

Se, diante do descalabro dos que lá trabalham , for necessário substituir trabalhadores com atuação ineficiente ou por desídia, isto não será possível devido a famigerada instituição da estabilidade do servidor público. Se tiver de contratar para completar o quatro de pessoal da instituição hospitalar, a deletéria estabilidade do servidor público  demanda que a Assembléia Legislativa aprove lei criando os cargos correspondentes. Depois é necessário organizar concurso público e, uma vez  conhecidos os aprovados, é necessário convocá-los para assumir as funções.

Isto demora, no mínimo, entre um e dois anos. Enquanto isto, a situação no hospital fica se degradando e o povo desassistido. E pode-se contar como vítimas os trabalhadores do hospital que são dedicados e corretos – que são a maioria, felizmente – mas inseridos num contexto gestacional-adminisrtrativo desastroso, ineficaz, inepto.

Mas devemos reconhecer que estabilidade é apenas um dos fatores determinantes do descalabro. Existem, também, outros fatores tais como a falta de compromisso com o interesse popular, da grande maioria dos brasileiros mais humildes que necessitam do serviço público médico-hospitalar, da escola pública, da segurança pública, da prestação jurisdicional, da previdência social ,etc.

A grande verdade é que o inconstitucional princípio da Carta Magna (sim, existem dispositivos na Constituição de 1988 que são inconstitucionais para satisfazer a voracidade corporativa do funcionalismo público!), que garante a estabilidade, manieta o gestor da coisa pública. Como resultado, temos a inação no serviço público que deveria ser prestado como contrapartida da enorme carga tributária que o cidadão brasileiro suporta. Uma carga tributária incongruente com a qualidade do serviço público prestado pelo Estado brasileiro.

Está  na hora de repensarmos a estabilidade do servidor público! Será bom para todos, inclusive para  o próprio funcionalismo público, viciado com a instituição da estabilidade  no emprego público como forma de mamar nas tetas pródigas do erário da nação! Precisamos dar este passo corajoso, com desprendimento de interesses que não os maiores deste país.

CARTA ABERTA

Tiago Acioli*

O diabo está tão globalizado que está fazendo até merchandising. Resolveu abrir uma filial do inferno aqui no Recife. Mais precisamente na Avenida Agamenon Magalhães s/n, no Derby. Na fachada colocaram o nome Hospital da Restauração, mas não se engane. Aquilo ali é só um disfarce pra esconder a verdadeira intenção de Lúcifer.

Sou um médico, de 28 anos, fiz residência, fiz concurso público, orgulho da família e empolgado com a minha profissão. Sempre estudando, me atualizando, planejando fazer mestrado e doutorado, ter uma família, sustentar os filhos, ser feliz. Enfim, como qualquer brasileiro procurar o seu lugar ao sol. Amo o que faço, não sei fazer outra coisa, mas quase morro de espanto quando, hoje, percebi que trabalho numa franquia do Inferno.

Não tenho vergonha de dizer que ando sofrendo de depressão, como vários colegas meus também sofrem em segredo. Chego no hospital, vejo a bandalheira geral, pessoas morrem na sua frente, outras em agonia e você está lá, mas não sabe o que fazer. Às vezes falta o básico do básico, falta até máscara! Meus amigos estão se tratando de tuberculose. Uma nova epidemia entre os médicos. A gente adoece também, sabia?

Nossos colegas da UTI quando chegam lá na emergência têm a árdua tarefa de 'escolher' quem vai morrer e quem não vai, pois há uma lista de pelo menos 30 pacientes necessitando de UTI e não há vagas. Como é que se faz pra escolher entre 30 pacientes graves quem vai subir pra  UTI e talvez se salvar e deixar os outros 29  esperando e  com grande chance de morrer?

É comum ter pesadelos, é comum ter às vezes uma alteração do humor, ter dificuldades de relacionamento com outras pessoas. Você só vive estressado, dorme mal, ganha mal, arrisca a sua própria saúde. Por quê? Pra quê? Com certeza não é por causa do salário que o governo do estado nos paga.

Ontem vi uma cena digna de uma história de pescador, mas fotografei, tenho testemunhas, posso provar. Às 22h do dia 26 de julho o Dr. Martinho Medeiros [cirurgião buco-maxilofacial] e sua equipe saíram pra jantar no refeitório do hospital e foram servidos com uma sopa. Ao dar a primeira colherada, ele viu uma iguaria a se mexer na sua colher, era uma larva, um tapuru. Das duas uma: ou contrataram um chef novo na casa que tem tendências da culinária indiana e resolveu criar esse prato exótico, ou realmente estamos vendo que até na cozinha do hospital o diabo tomou conta.

Essa onda de demissão em massa dos médicos de Pernambuco é o resultado de uma insatisfação crônica com as condições de trabalho aviltantes, com esse salário risível que recebemos, com essa piada que se tornou o SUS. Além de tudo somos humanos, temos dignidade e acho que agora estamos em busca do auto-respeito. Por isso, nesta segunda-feira [ontem], eu e vários colegas da Clínica Médica do Hospital da Restauração e do Hospital Getúlio Vargas iremos assinar a nossa carta de demissão.

Melhor é perder um emprego que perder a saúde, melhor ir trabalhar na Paraíba, se mudar daqui do que ficar aqui nessas condições. Amo muito o meu Pernambuco, mas ando pensando seriamente em migrar daqui, como vários colegas meus já fizeram. Um dia espero que esse inferno acabe e que a nossa sociedade tenha o seu direito garantido. Saúde, direito de todos, dever do estado!' 

* Tiago Acioli é médico da Emergência do Hospital da Restauração e Médico Intensivista da UTI de Infectologia do Hospital Universitário Oswaldo Cruz  da Universidade Estadual de Pernambuco. (UPE).

 

GOIANIA

UTI do HGG é reformada

Diário da Manhã

O Hospital Geral de Goiânia Dr. Alberto Rassi (HGG) com o auxílio do corpo clínico agora conta com condições nelhores de atendimento aos pacientes. A ajuda possibilitou a reforma e a climatização da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do hospital, concluídas recentemente. O sitema de ar-condicionados foram doados pelos médicos. A unidade recebeu pintura nova, com material e mão-de-obra disponibilizados pela equipe de enfermagem do setor

De acordo com o coordenador da UTI, Wandervan Antônio Azevedo, a equipe médica adquiriu e responsabilizou-se pela instalação de três aparelhos de ar-condicionado. O sistema de climatização estava desativado há cinco anos. Além de proporcionar conforto ao corpo clínico e aos pacientes, a refrigeração contribui para o melhor funcionamento e durabilidade dos equipamentos médicos.

A pintura em toda a área da UTI foi realizada a partir de um esforço conjunto de enfermeiros e técnicos de enfermagem. A equipe comprou o material necessário à reforma e responsabilizou-se por executar a obra. O técnico em enfermagem Vandeci Simão de Deus fez todo o trabalho de limpeza e pintura com o apoio de dois colegas, voluntários. Eles foram orientados pela designer de interiores Liana Borges de Resende Rocha, do Núcleo de Comunicação do HGG. Atualmente, a UTI do HGG possui dez leitos, dois são reservados para pacientes em pós-operatório.

Fonte: Agecom

Santa Casa voltará a pressionar prefeitos - Campo Mourão
 
 
 

 

Valdir Bonete

valdir@tribunadointerior.com.br

 

         Os prefeitos da região serão novamente convocados a contribuírem para a manutenção da Santa Casa regional, em Campo Mourão. Foi o que decidiu a direção do hospital durante reunião na noite de terça-feira. Segundo o presidente, Dilmar Daleffe, as despesas continuam superando as receitas porque os municípios enviam mais pacientes que o número de AIHs (Autorização de Internamento Hospitalar).

         “Quando o hospital fechou a UTI adulto houve pressão de muitos prefeitos e até ameaças de mandar pacientes para outras cidades. Agora que foi reativado, eles não estão sendo companheiros e muitos fogem quando se fala em ajudar a Santa Casa”, critica Daleffe. “As AIHs continuam funcionando como cheque sem fundo: o paciente vem, mas o dinheiro para custear a despesa não”, acrescenta.

         O hospital, que no auge de sua crise financeira chegou a desativar a UTI-adulto, retomou o atendimento no dia 18 junho depois que a justiça exigiu providências do poder público. Na ocasião foi anunciado que para garantir a reativação o governo do Estado aumentaria de R$ 60 mil para R$ 100 mil a verba mensal. Além disso, foi assinado um convênio de mais R$ 41 mil com o governo, além do compromisso do município de Campo Mourão repassar R$ 15 mil a mais por mês. Isso totalizaria quase R$ 100 mil/mês a mais para o hospital voltar a funcionar normalmente.

Passados mais de 50 dias, apenas o município sede vem cumprindo o compromisso. Os R$ 40 mil do governo do Estado, esperados para julho, só foram depositados no início desta semana. Já a verba anunciada de R$ 41 mil, referente a convênio com o governo federal por meio do Estado, ainda não chegou. “A promessa é que vem no próximo mês”, informou Daleffe.

         Embora reconheça o esforço político para conseguir aumentar o volume de recursos, bem como a burocracia que existe na liberação do dinheiro, Daleffe lembra que a saúde não pode esperar. “Se você está doente no hospital, o remédio tem que estar lá na hora, não pode esperar 60 dias. Se não há dinheiro, é preciso fazer empréstimo e com isso o hospital vai aumentando cada vez mais sua dívida”, observa.

Daleffe lembra que o atendimento foi retomado porque houve um compromisso formal em aumentar os recursos mensais imediatamente por parte do poder público. “Esperamos que a partir de setembro esses recursos cheguem em sua totalidade”, acrescenta.

Despesas – Com a demora na liberação do dinheiro, apenas 7 dos 13 leitos da UTI-adulto estão funcionando. Isso porque, para funcionar plenamente, segundo Daleffe, só o custo da UTI-adulto chega a R$ 150 mil/mês. “Não tem como funcionar porque hoje a receita das três UTIs (Adulto, Neo-Natal e Pediátrica) é de R$ 83 mil”, declara.

Daleffe reforça a necessidade de implementar ações envolvendo a comunidade para garantir a manutenção do hospital. “Precisamos do envolvimento da sociedade”, destaca, ao lembrar que o déficit mensal da entidade passa de R$ 150 mil.

A Santa Casa é uma das mais antigas instituições hospitalares da região, fundada há cerca de 50 anos. Possui o maior e mais bem equipado complexo hospitalar filantrópico da microrregião 12, com mais de 120 leitos, UTI para adultos e crianças, centro cirúrgico e diversas outras estruturas de atendimento.